quinta-feira, 10 de abril de 2014

Exposições no Rio e em Londres refazem a trajetória da moda italiana

No início dos anos 50, Salvatore Ferragamo criava os calçados mais cobiçados de Hollywood. Mas era Paris quem ditava as regras no guarda-roupa das mulheres – inclusive na Itália. Inconformado, o empresário Giovanni Battista Giorgini encomendou coleções autorais às principais casas de costura do país. Com os looks prontos, reuniu imprensa e compradores americanos como Bergdorf Goodman na requintada sala de sua casa, na Villa Torrigiani, em Florença. A apresentação foi um sucesso, e 1951 entrou para a história como o ano do nascimento do made in Italy. O marco é o ponto de encontro de duas grandes exposições que abrem as portas neste mês, no Rio de Janeiro e em Londres.
A ascensão da Itália como reduto da moda comercial com requinte artesanal jogou holofotes sobre seus estilistas e garantiu várias histórias saborosas. Uma delas foi no tapete vermelho na estreia de Quatro Casamentos e um Funeral, em 1993. A noite seria dos protagonistas, Andie MacDowell e Hugh Grant, mas quem brilhou foi a namorada do ator, a então quase desconhecida Elizabeth Hurley. Tudo por causa do LBD ultrassexy inspirado no movimento punk que ela usou. Liz virou celebridade naquela mesma noite, e o vestido criado por Gianni Versace ganhou para sempre o título de The Dress.
O modelo matador, usado novamente por Lady Gaga há dois anos, é um dos 130 looks da mostra Italian Glamour, que aterrissa na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, no dia 8 deste mês. A diretora Daniela Thomas criou uma cenografia etérea, induzindo uma visitação sensorial. “Os vestidos flutuam em níveis diferentes,em sintonia com a arquitetura incrível de Christian de Portzamparc, como se fosse uma vitrine”, descreve.


Com o devido destaque estão expostas mais relíquias saborosas, como o vestido Pretino criado em 1956 pelas irmãs Fontana para Ava Gardner, mas imortalizado por Anita Ekberg em La Dolce Vita, de Fellini. Peças feitas para Gina Lollobrigida (Emilio Schuberth, 1953), Audrey Hepburn (Valentino, 1973) e Liza Minnelli (Capucci,1985) também merecem aplausos. Todas pertencem aos empresários italianos Enrico Quinto e Paolo Tinarelli, que são os curadores da mostra. Donos de um dos mais importantes acervos de moda italiana no mundo – com cerca de 6.000 itens entre roupas e acessórios, além de 3.000 registros em revistas, fotografias e croquis –, eles contam que a coleção começou por acaso. “Em 1996, compramos alguns vestidos op art dos anos 60 para fotos de publicidade do Borghetto Flaminio, misto de antiquário e brechó que abrimos em Roma”, lembra Quinto. A dupla se apegou aos originais sessentinhas e decidiu investir em outros statements de época.
A mostra The Glamour of Italian Fashion 1945-2014, com abertura prevista para o dia 5 no Victoria & Albert Museum, em Londres, também tem participação dos colecionadores italianos, que emprestaram 15 peças ao museu.


As duas exposições são promessas de um delicioso mergulho na história da moda italiana e mundial. Depois do sucesso do desfile de Giorgini nos anos 50, as marcas locais enxergaram o caminho do sucesso e despontaram. O glamour foi reforçado pelo cinema americano, que realizou várias produções nos estúdios da Cinecittà, em Roma, que virou a capital nacional da moda, com Audrey Hepburn e Elizabeth Taylor exercendo o papel informal de embaixadoras do made in Italy. O vestido usado por Audrey em Guerra e Paz, assinado por Gattinoni, está na lista de cerca de cem itens da exposição londrina, que também inclui documentos, filmes e roupas masculinas. (SILVANA HOLZMEISTER)


The Glamour of Italian Fashion 1945-2014:
Victoria & Albert Museum, Londres. De 5 de abril a 27 de julho.
www.vam.ac.uk

Italian Glamour:
Cidade das Artes, Avenida das Américas, 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, tel (21) 3325-0102. De 8 de abril a 6 de julho.
www.cidadedasartes.org

Fonte: Vogue

Nenhum comentário:

Postar um comentário