No início dos anos
50, Salvatore Ferragamo criava os calçados mais cobiçados de Hollywood. Mas era
Paris quem ditava as regras no guarda-roupa das mulheres – inclusive na Itália.
Inconformado, o empresário Giovanni Battista Giorgini encomendou coleções
autorais às principais casas de costura do país. Com os looks prontos, reuniu
imprensa e compradores americanos como Bergdorf Goodman na requintada sala de
sua casa, na Villa Torrigiani, em Florença. A apresentação foi um sucesso, e
1951 entrou para a história como o ano do nascimento do made in Italy. O marco
é o ponto de encontro de duas grandes exposições que abrem as portas neste mês,
no Rio de Janeiro e em Londres.
A ascensão da
Itália como reduto da moda comercial com requinte artesanal jogou holofotes
sobre seus estilistas e garantiu várias histórias saborosas. Uma delas foi no
tapete vermelho na estreia de Quatro Casamentos e um Funeral, em 1993. A noite
seria dos protagonistas, Andie MacDowell e Hugh Grant, mas quem brilhou foi a
namorada do ator, a então quase desconhecida Elizabeth Hurley. Tudo por causa
do LBD ultrassexy inspirado no movimento punk que ela usou. Liz virou
celebridade naquela mesma noite, e o vestido criado por Gianni Versace ganhou
para sempre o título de The Dress.
O modelo matador,
usado novamente por Lady Gaga há dois anos, é um dos 130 looks da mostra
Italian Glamour, que aterrissa na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, no dia
8 deste mês. A diretora Daniela Thomas criou uma cenografia etérea, induzindo
uma visitação sensorial. “Os vestidos flutuam em níveis diferentes,em sintonia
com a arquitetura incrível de Christian de Portzamparc, como se fosse uma
vitrine”, descreve.
Com o devido
destaque estão expostas mais relíquias saborosas, como o vestido Pretino criado
em 1956 pelas irmãs Fontana para Ava Gardner, mas imortalizado por Anita Ekberg
em La Dolce Vita, de Fellini. Peças feitas para Gina Lollobrigida (Emilio
Schuberth, 1953), Audrey Hepburn (Valentino, 1973) e Liza Minnelli
(Capucci,1985) também merecem aplausos. Todas pertencem aos empresários
italianos Enrico Quinto e Paolo Tinarelli, que são os curadores da mostra.
Donos de um dos mais importantes acervos de moda italiana no mundo – com cerca
de 6.000 itens entre roupas e acessórios, além de 3.000 registros em revistas,
fotografias e croquis –, eles contam que a coleção começou por acaso. “Em 1996,
compramos alguns vestidos op art dos anos 60 para fotos de publicidade do
Borghetto Flaminio, misto de antiquário e brechó que abrimos em Roma”, lembra
Quinto. A dupla se apegou aos originais sessentinhas e decidiu investir em
outros statements de época.
A mostra The
Glamour of Italian Fashion 1945-2014, com abertura prevista para o dia 5 no
Victoria & Albert Museum, em Londres, também tem participação dos
colecionadores italianos, que emprestaram 15 peças ao museu.
As duas exposições
são promessas de um delicioso mergulho na história da moda italiana e mundial.
Depois do sucesso do desfile de Giorgini nos anos 50, as marcas locais
enxergaram o caminho do sucesso e despontaram. O glamour foi reforçado pelo
cinema americano, que realizou várias produções nos estúdios da Cinecittà, em
Roma, que virou a capital nacional da moda, com Audrey Hepburn e Elizabeth
Taylor exercendo o papel informal de embaixadoras do made in Italy. O vestido
usado por Audrey em Guerra e Paz, assinado por Gattinoni, está na lista de
cerca de cem itens da exposição londrina, que também inclui documentos, filmes
e roupas masculinas. (SILVANA HOLZMEISTER)
The
Glamour of Italian Fashion 1945-2014:
Victoria & Albert Museum,
Londres. De 5 de abril a 27 de julho.
www.vam.ac.uk
Italian
Glamour:
Cidade das Artes, Avenida das
Américas, 5.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, tel (21) 3325-0102. De 8 de
abril a 6 de julho.
www.cidadedasartes.org
Fonte: Vogue
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